Considerações Sobre o Texto "Animação Cultural" de Vilém Flusser

      A relação dialética da produção por si só já justificaria a "revolução dos objetos" no sentido em que somos constantemente expostos, como seres humanos, à obrigação de nos adequarmos aos objetos e suas particularidades a fim de realizarmos tarefas ou simplesmente nos acomodarmos. Como exemplo, a sanfona do ônibus MOVE em Belo Horizonte transcende sua função primária e definida pelo homem de articulação do veículo e cria um tipo de encosto para os passageiros que encontram-se de pé, muito mais confortável que o simples segurar de barras. A revolução proposta, portanto, se trataria da reafirmação de algo que os objetos, por simplesmente existirem, já carregam consigo.
      Além disso, é interessante considerar também a dependência dos objetos à qual somos submetidos, assim como proposto por vários colegas em suas ponderações. É impensável viver um dia na contemporaneidade sem fazer uso de eletrônicos, que evoluíram de meros facilitadores à ferramentas indispensáveis em pouquíssimo tempo.
      Por outro lado, como aponta Giovana Lemos em seu texto, o principal obstáculo a ser superado para que a revolução ocorra - a desvalorização da cultura - pode ser intransponível. O conhecimento não se limita ao mundo sensível, no qual os objetos existem como criaturas e criadores. Ele se encontra principalmente no campo do pensamento, onde por mais que possa sofrer influências do inanimado externo, permanece indissociável do ser e se transfere a outro sem a necessidade absoluta da mediação de um objeto. 
      

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